Foto: https://ufpa.academia.edu/
RAFAEL ALEXANDRINO MALAFAIA
( Belém – Pará – Brasil )
Universidade Federal do Pará – Faculdade de Letras Estrangeiras.
MALAFAIA, Rafael Alexandrino Terreno Baldio Blues (tomara que maio demore a chegar, tomara que maio não se tarde a passar)./ Ananindeua: Rafael Alexandrino Malafaia, 2020.
CAMPOS IRRIGADOS com SANGUE
>> segundo semestre de 2002 <<
Helicópteros, metralhadoras
Minas terrestres
Horrores e pesadelos de guerra
Capacetes, granadas
Balas fervendo em sangue
Pessoas morrendo
Caindo longe de suas casas
De suas esposas
Crias ou namoradas
E se tornando apenas
Nomes em lápides
E pessoas que perderam a chance
De realizarem seus sonhos
Mísseis mortíferos
Ataques suicidas
Todos os dias
Militares batizando suas armas
Com nomes de meninas
Não há triunfo na estupidez.
E mesmo quando não sobra mais nada
Ainda sobra algo
“Tristeza”
quando CACHORROS
se TORNAM
SABÃO
>> 07 de julho de 2006 <<
E tudo parece continuar do mesmo jeito que está.
E as coisas dão a impressão de não mudar.
Todos andando para a frente
E eu me vejo neste maldito estagnar
Estático, desmotivado, confuso e estacionado no mesmo lugar.
Os prédios desabando e a vontade de chorar
E saber o “porque” e ter realmente um “porque” lutar:
Onde está?!?
E o que dizer? E o que pensar?
Não existe mais certeza e nem no que acreditar
E mais nenhuma rima a fazer
Sobre esta degradável condição
Sem saber mais o que fazer e nem mais para onde olhar.
LITERATURAR
>> 01 de setembro de 2017 <<
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Porque TUDO É TEXTO
E todos os Textos são COMUNHÕES DE OUTROS TEXTOS
Que são COMUNHÕES DE OUTROS TEXTOS
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
Literaturar
RÜCKENTWICKLUNGSLIED6
– primeira versão
>> 14 e 15 de novembro de 2017 <<
Então é hora novamente de partir
Ir embora sem ter pra onde ir
Sair daqui sem ter necessariamente uma direção
Esta é a espécie humana
Após cerca de meio milhão de anos de
Involução
Comparar um país em guerra e um barril de pólvora
Atualizar taxas de mortalidade a cada hora
Em qual país infanticídio não é sinônimo de feminicídio?
Esta é a espécie humana
Após cerca de meio milhão de anos de
Involução
Quem não conhece alguém que tenha Depressão?
Medo ou pânico de sair de casa?
Não dar Educação e Exemplo e sim uma Arma?
Que a solução para a Pátria seja sucateá-la e botá-la em leilão?
Esta é a espécie humana
Após cerca de meio milhão de anos de
Involução
É uma espécie condenada desde sempre ao fracasso
Transformando sua casa em seu caixão
Esta é a espécie humana
Após cerca de meio milhão de anos de
Involução
VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4
Ex. Antonio Miranda
as mãos e os pratos
no prato, alface, arroz e carne
quanto tá o preço da carne?
quem consegue comprar carne?
no prato, alface, arroz e carne
quanto tá o preço do arroz?
quem consegue compra arroz?
quem ainda consegue comprar arroz?
no prato, alface, arroz e carne
quanto tá o preço do pacote simples de verdura?
quem consegue comprar verdura?
quem ainda consegue comprar verdura?
que democracia é essa que, não basta faltar saúde e educação,
tem que tá quase um real a unidade de cada pão?
tem gente que não tem no prato alface porque tem que ter arroz
e carne
tem gente que não tem o que botar no prato
tem gente que não tem nem prato e come com a mão
tem gente que não tem bem o que comer o com a mão
körperbrot
corpo pede pão
que o pão pro seu corpo?
o pão do corpo
o pão pro corpo
o pão universal
o pão pra alma
o pão pro espírito
o pão pra mente
e, se o pão pro corpo for outro corpo,
o teu corpo café da manhã
e qualquer outra refeição?
nós – pão
nós – corpo
nós – café da manhã
nós – qualquer outra refeição
que tenha/
sejamos
pão
*
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Página publicada em março de 2022
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